domingo, 27 de dezembro de 2015

Silêncio


Clique para ouvir o silêncio enquanto lê:



Algo faltava ali.
Ou aqui.
Algo faltava.
E num piscar de olhos
Aquele:
grande
vazio
buraco
negro crescia em mim.
Crescia rapidamente.
Consumia-me exageradamente.
Matava-me dolorosamente.
Perdia-me incessantemente.
Era ou não o fim?
Sei que eu tentava dar um fim
tentava respirar
tentava não pensar.
Algo faltava ali,
nem que fosse uma rolha
para somente substituir
somente fechar
talvez amenizar
algo faltava
mas a dor sobrava
os muros subiam
o vazio aumentava
e nada.
Nada era escrito.
Nada era salvo.
Nada saía de mim,
foram tantas.
Inúmeras tentativas.
Meias palavras escritas
meios choros
meios caminhos.
Algo faltava ali.
Algo que não hei de descobrir.
Acostumo-me com a ideia
de estar ou ser sempre assim.
De todas as perguntas retóricas
somente faço uma para mim
O que falta ainda aqui?


Esse é o primeiro post de uma série que trata sobre silêncio, sobre como é possível encontrar arte até mesmo naquilo que diziam ser vazio. Desenhos, poemas, fotografias, arte, produzidos durante períodos de silêncio, gravados no áudio.

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