Silêncio musical
O som do crescimento. Existe. Por trás das figuras silenciosas das árvores há um mundo marcado por sons. Um mundo inesperado. A música das árvores é triste, melancólico e ao mesmo tempo, grandioso. Notas agudas se entrelaçam entre os sons mais graves, subindo e descendo, criando uma melodia misteriosa. Uma música profunda que atinge o ser, envolvendo-o. Sente-se o crescimento. Os altos. Os baixos. Um caos organizado.
O início da música é a árvore já velha, período assinalado por um andamento mais lento, com predomínio do grave. A medida que a vitrola vai tocando, passamos a conhecer uma árvore jovem, na qual há um turbilhão de notas, ficando cada vez mais agitado. Essa é a juventude: caótico, cheio de altos e baixos, reviravoltas.
O ser humano acaba sendo como uma árvore. Por fora aparentamos ser imponentes. Escondemos a nossa música por trás de uma casca grossa. Mas quando conseguimos traduzir a musicalidade do nosso interior, descobrimos a pessoa verdadeira, essa que tem uma história. Uma história que reflete a vida e o crescimento. Como as árvores, cada pessoa tem uma música, uma voz única.
Porém, diferentemente dessas, não temos programas para traduzir a nossa música. Cabe a nós a aprendermos a nos expor, por meio da escrita, fala, pintura, movimentos, tarefa que nem sempre é fácil mas que, quando realizado, propõe maior conectividade com os outros e libertação.
Este ensaio foi realizado com base na música das árvores. É a interpretação dessas vozes transformada em cores, pinceladas, essas que refletem os sons altos e baixos formando uma imagem única. O grave escuro e o branco agudo. Tal como a árvore, a pintura é primordial. Não tem forma certa, assim como o som.
Trabalho usado como base para esse post:
O artista Bartholomäus Traumeck conseguiu gravar a voz das árvores através da análise de seus anéis. Os dados retirados dessa estudo serviram como base para um processo de transformação dessa informação em música de piano. O embasamento deste ensaio se encontra nas regras de programação, mas os dados extraídos de cada árvore variam, criando uma música e interpretação única.
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